10 skatistas que também fazem arte

10 skatistas que também fazem arte

Eles são artistas, designers, ilustradores, alguns são empreendedores no campo criativo, mas o principal motivo pelo qual eles são mundialmente conhecidos é um só: são skatistas de ponta. Nesse texto venho listar 10 skatistas que usam mais da criatividade para expressar suas ideias ou que exploram tudo isso com outros fins. Mas antes, uma breve reflexão…

… skate, espaço e design.

Quem conhece o skate sabe que é quase impossível separá-lo da arte, seja qual for a manifestação artística que tenha em mente. Grande parte desses skatistas, principalmente aqueles mais old school, viveram uma época em que esse esporte sofria uma criminalização que talvez nenhum outro esporte tenha sofrido. Em um contexto onde o skate era, por um lado, marginalizado por ser mais praticado por jovens de guetos e periferias e, por outro lado, criminalizado por uma sociedade que o considerava uma prática invasora do espaço do “cidadão de bem”, os praticantes do esporte eram obrigados a se reinventar, inaugurar possibilidades, subverter conceitos pré-estabelecidos e mostrar que onde existe skate, inevitavelmente, existe muita criatividade.

O que mais acho interessante no skate, e que tem muito a ver com várias das nossas discussões sobre design, é sua relação intrínseca com o espaço. Em um de meus textos para a Revista Clichê (Por um design liberto), coloquei o design como algo que, de certa forma, pode provocar mudanças no espaço que forçariam reflexões sobre o próprio homem e o ambiente onde vive. Nenhum outro esporte tem papel tão similar quanto o skate. Digo isso porque, desde que surgiu, com todas as suas características e nos meios em que se insere, o skate nunca pediu permissão para entrar. Ele forçou sua presença no espaço, provocando alterações bruscas (em vários momentos dolorosas) no que se entende por “espaço”. Houve uma ressignificação poeticamente violenta, e, por isso, mais que genuína. O skate foi para as ruas e praças em um momento em que rua era lugar para as “máquinas de quatro rodas” e praças eram lugares para “cidadãos de bem”, ou seja, o sujeito médio que respeita as leis, vive em conformidade com a ordem, existe em função do patrão e da família e leva uma vida praticamente pasteurizada (toda semelhança com ‘leite com pêra’ não é mera coincidência).

O skate, nesse sentido, foi responsável importantíssimo pelo travamento de novas discussões sobre o direito ao espaço. No início do ano pude presenciar uma intensa discussão entre skatistas, a Guarda Civil Municipal (CGM) de São Paulo e membros de uma Associação de Moradores dos arredores da Praça Roosevelt, palco sempre lembrado do skate. Os moradores da região exigiam com todas as letras que a CGM proibisse algumas pessoas de frequentar a praça. Os tipos odiados eram os seguintes, e rejeitados em voz alta: “skatistas, viados, maconheiros e travestís”. Um verdadeiro show de horrores, preconceito e conservadorismo. Os tais “skatistas, viados e maconheiros” continuam frequentando a praça pública, para desgosto de alguns que a consideram seu quintal privado. A discussão sobre o direito ao espaço em São Paulo e sobre as novas interpretações desse mesmo espaço continuou e se acentuou com as manifestações de Junho. Assim como o design, que pode projetar novas realidades, o skate foi capaz de abrir os olhos de muitas pessoas para uma realidade com a qual elas não estavam acostumadas, foi capaz de projetar novos olhares e ressignificar aquilo que entendemos como espaço.

Da mesma forma, a criatividade artística também é capaz de propor ou forçar essas novas ressignificações. Nesse sentido, os skatistas da lista a seguir cumprem perfeitamente aquilo que propõem, pois eles levam sua criatividade para muito além do skate. Sem mais delongas, vamos a eles.

Denis McNett

10 skatistas que também fazem arte | Na Ladeira

O skatista é designer e artista. Já trabalhou em projetos de design para tênis da Vans, assinou séries para a Anti-Hero Skateboards e colaborou com projetos para a loja da Barneys em Nova York.

Don Pendleton

Um dos skatistas-artistas mais procurados, as técnicas de Don Pendleton vão de criação digital e pintura em telas a ilustrações para decks e murais para galerias, exposições e projetos comerciais.

Chad Muska

Skatista profissional, artista, fotógrafo, designer, produtor musical e empreendedor, além de uma série de outras coisas. Chad Muska, que coleciona inúmeros patrocínios de peso, é um dos skatistas com maior potencial de marketing, de acordo com a revista Transworld Skateboarding e está na lista dos 30 skatistas mais influentes de todos os tempos, segundo a mesma publicação

Pat Ngoho

Skatista profissional, artista e curador de arte. Com Steve Olson e Lance Mountain, é co-fundador do Love and Guts, coletivo de arte que promove exibições de vários artistas (igualmente skatistas) ao redor do mundo.

Mimi Knoop

Uma das melhores do mundo no skate feminino, Mimi Knoop subiu ao pódio 5 vezes em suas 7 participações em X Games. Além de designer e artista, é fundadora da Action Sports Alliance, uma organização sem fins lucrativos que visa encorajar mulheres à pratica do skateboard e outros esportes.

Alyasha Owerka-Moore

Um dos mais versáteis dessa lista, Owerka-Moore, ou Stack-Aly, além de skatista, é designer gráfico, DJ, designer de moda, Diretor de Criação das marcas Alphanumeric e American Dream. Também presta consultoria para Phat Farm.

Steve Olson

Esse que já foi considerado um dos melhores skatistas do mundo, aos 50 anos Steve Olson também é curador de arte e co-fundador do Love and Guts, já citado acima. Steve é pai de Alex Olson, também artista e skatista profissional. Nota: Ambos recusam chamar a si mesmos de artistas, embora o mundo e a mídia os chamem assim e apesar de todo o envolvimento que eles tem com arte.

Jason Adams


Camadas pintadas com spray e stencil é o que mais marca o trabalho de Jason Adams, skatista profissional desde os 17 anos e que, pelas entrevistas que dá, traz dos seus problemas pessoais e familiares inspiração para sua arte. Ele considera arte e skate seu refúgio pessoal, um mundo particular que ele constrói para si mesmo.

Ed Templeton

Outro skatista que vai muito além das tricks, Templeton é designer gráfico, pintor e fotógrafo. Fundou a Toy Machine, empresa em que é Diretor de Arte. Além disso é co-editor da ANP Quarterly, revista de arte que existe desde 2005.

Andy Howell

Andy Howell não é exatamente um artista. É designer e, desde que formou-se em Arte, tem trabalhado como Diretor de Criação em muitas empresas, como New Deal Skateboards, Element Skateboards, 411, e Giant Distribution, além de ser co-fundador dessas e de outras, marcas sempre relacionadas ao skate.

Fonte: Revista Clichê

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